A Câmara do Porto teve uma ideia particularmente civilizada e de grande sofisticação científica para controlar o número de animais errantes da cidade: matá-los à fome.
"Apela" assim aos munícipes para que "não alimente[m] os animais", pois na Câmara julga-se que é o "excesso de alimento [que] provoca o aumento das populações de animais" e não o facto de (como sucede com os vereadores, não consta que alguma vez um vereador tenha aparecido grávido depois de um banquete camarário) se reproduzirem.
É certa disso (que o "excesso de alimento" faz filhos) que a Câmara do Porto ignora iniciativas como a da Associação Animais de Rua para que, como acontece na generalidade dos países desenvolvidos (e em outras autarquias portuguesas), adopte um Programa CED (Capturar-Esterilizar-Devolver) nas colónias de animais seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, a World Society for Protection of Animals, a Ordem dos Médicos Veterinários e a própria Direcção-Geral de Veterinária.
Não, a Câmara do Porto prefere matar, à fome que seja.
Contra tudo e contra todos: a Convenção Europeia para a Protecção dos Animais de Companhia; os Decretos-Lei nºs 276/2001, de 17/10, e 315/2003, de 17/12; a Resolução 69/11 aprovada por unanimidade na AR.
E contra o mero bom senso: há 30 anos que anda a matar animais e ainda não percebeu que não é assim que controlará o seu número.
Jornal de Notícias, 01/06/2011
Realmente só mesmo num pais onde as decisões são tomadas por pessoas com uma mentalidade 3ºMundista.
ResponderEliminarÉ por coisas como esta, que cada vez mais tenho vergonha do pais em que vivo. E pelos vistos o povo até gosta e não quer mudar. Continuem, prá frente é que é o caminho. Qualquer dia os politicos nas campanhas começam a oferecer umas palas para os olhos, como as dos burros, e o povo ainda aceita com um sorriso na cara.